20 de jan. de 2010

Saudade. De muita coisa!!!

Madrid, 20/01/2010

Hoje me lembrei de uma definição curta, mas suficiente de uma palavrinha que vem me perseguindo: saudade é a presença da ausência. Ausência de muita coisa... Tanta, mas tanta coisa que até me perco em pensamentos. Ausência das coisas mais simples, das que sempre tive e sempre dei valor. Das que sempre tive, mas nunca sequer notei. Das que às vezes percebia, que estavam lá, mas ok. Saudade de algumas pessoas importantes na minha vida; importância que sempre soube terem, mas que nem sempre soube dar. Saudade de quem dedicou sua vida pra mim e adora me ligar pra falar nada; saudade de pular em cima dela; saudade de fazer dragão e não conseguir. Saudade de quem parece ter o coração de pedra, fraco e infartado, mas que na verdade tem o coração mole e doce. Saudade de quem muitas vezes me fez trocar bonecas por bolas; que pela primeira vez escreveu pra mim que me ama. Saudade de pessoas a quem sempre dediquei tempo, carinho e atenção; que são iguais a mim e diferentes de mim; que levam uma marquinha vermelha no coração; mas que quando estão distantes continuam ainda muito perto e me fazem notar ainda mais o quanto são indispensáveis. Saudade de quem, de um dia pro outro, passou a ser importante pra mim, mas que tinha uma vida útil claramente definida para ambas as partes. Saudade da pessoa mais doce que conheci e que partiu, mas que, antes de me isolar do meu mundo, não consegui me despedir; sequer consegui dizer o quão fundamental foi pra mim e pra duas das pessoas mais importantes na minha vida; saudade de quem me criou; me buscou no colégio; cuidou de mim; soluçou comigo quando outra pessoa muito amada partia; saudade de quem nunca vou esquecer o amor que sentia por mim, puro como de uma mãe; a quem nunca mais vou poder retribuir tudo o que recebi; mas que de alguma maneira se conectou comigo quando partiu e veio acalmar o meu coração. Saudade também de pessoas que não tiveram presença tão constante assim na minha vida, mas que são tão preciosas quanto se acompanhassem diariamente meu caminho; e que nos raros momentos em que estavam presentes pareciam nunca ter estado ausentes; talvez a distância só tenha confirmado que elas de fato têm um papel importante pra mim. A ausência da presença não é só de gente... Saudade de tudo e de todos. Das minhas esquinas e dos meus caminhos; do meu canto, só meu; da minha solidão. Saudade da minha rotina; e de não ter nada pra fazer. Saudade de quando eu achava que tinha muita responsabilidade, mas ainda era uma garotinha mimada; saudade da minha mordomia; vontade até mesmo de voltar a ser criança. Saudade do calor e do sol; saudade das tardes de sábado ocupadas com o barulho de pratinhos ensurdecedores. Saudade da ansiedade de ir ao encontro de umas blusas coloridas, cordas imundas, ruas estreitas e caminhões que fazem barulho; e da contagem regressiva. Eita bololô de coisas aqui dentro de mim. Saudade de muita coisa... Isso é crescer.
Paulinha Cha